Tensão segue entre as Coreias

Após uma investigação internacional, a Coreia do Sul acusou formalmente a Coreia do Norte,de atacar com um torpedo um navio de sua Marinha em março. O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, pressiona a comunidade internacional por novas sanções contra a Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-il, por sua vez, respondeu com o rompimento das relações com Seul. O Japão também decidiu limitar suas sanções financeiras à Coreia do Norte. De forma prática, as pessoas residentes no Japão que quiserem enviar dinheiro à Coreia do Norte terão que receber autorização das autoridade para valores acima de 3 milhões de ienes (cerca de R$ 60 mil).

Seul militar
Após a condução de exercícios militares sul-coreanos e o anúncio do cancelamento de pactos militares norte-coreanos que preveniam conflito militar, a tensão aumenta na península coreana com o aumento de troca de ameaças e deterioração das relações entre os dois países. Mais cedo o país cancelou uma linha de comunicação que impedia que navios colidissem, dando a localização de embarcações norte-coreanas e sul-coreanas. Após o cancelamento, o governo do Norte deixou claro que qualquer entrada irregular de navios sul-coreanos em seu espaço marítimo seria retaliada com "ataques imediatos".

Acordos
O cancelamento desses acordos representa o abandono do pacto que previa a segurança na região que divide os dois países, dando margem para um futuro fechamento de fronteiras e abrindo caminho para um potencial conflito armado. A curto prazo, a medida pode significar, na prática, o começo do fim do parque industrial de Kaesong, onde mais de cem empresas sul-coreanas têm interesses. O parque industrial rende dezenas de milhões de dólares por ano à Coreia do Norte, uma das raras fontes de divisas para o país. Além disso Pyongyang expulsou todos os funcionários sul-coreanos que trabalhavam em Kaesong. A nota da Agência Estatal de Notícias Norte Coreana, disse  que o Norte vai cancelar acordos destinados a evitar confrontos na costa oeste da península, e que interromperá linhas de contato entre as respectivas forças navais.

Em maio de 2010, Pyongyang já havia ameaçado interromper a única ligação ferroviária com o Sul, caso Seul volte a usar alto-falantes para fazer propaganda na região da fronteira. O regime comunista ameaça entrar em guerra se a Coreia do Sul levar adiante as sanções que havia anunciado. A maioria dos analistas diz, no entanto, que nem o Norte nem o Sul querem uma guerra, mas que pode haver escaramuças, especialmente na fronteira marítima da costa oeste da península.

Protestos
Em Seul, cerca de 10 mil manifestantes também pediram ao governo uma punição aos membros da oposição ao presidente sul coreano Lee Myung-Bak que questionam as conclusões da investigação. "Morra Kim Jong-il", gritavam os manifestantes, em referência ao líder norte-coreano, filho e sucessor do fundador, em 1948, da República Popular Democrática da Coreia, Kim Il-Sung. Durante o ato, os manifestantes queimaram uma bandeira norte-coreana. 

Acordo de 2007 entre as Coreias

Uma reunião histórica de três dias entre o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, e da Coréia do Norte, Kim Jong-il, firmou um acordo de reconciliação permanente e pela aproximação econômica entre os dois países. 

O documento de oito pontos estipula que "O sul e o norte compartilham da opinião de que devem encerrar o atual sistema de armistício e criar um sistema permanente de paz". Existem cerca de dois milhões de soldados na fronteira entre os dois países. As negociações pretendem também iniciar um processo de acordo de paz com a participação de outros países, como EUA e China. Pela primeira vez em 50 anos trens de carga poderão funcionar entre os dois países.

A Coréia do Norte firmou também acordos sobre o cancelamento de seu programa nuclear. Em reunião com a China, EUA, Japão, Rússia e Coréia do Sul, o País se comprometeu em desativar seu principal reator nuclear, em Yongbyon, em troca de benefícios econômicos e da retirada da lista inventada pelos EUA de países que promovem o terrorismo. Até antes da invasão do Iraque, em 2003, Coréia do Norte e Irã faziam parte do chamado “Eixo do Mal”.



Até no ano anterior, a Coréia do Norte era um dos alvos de ataque militar dos EUA devido a um teste nuclear realizado por Pyongyang. Naquele momento, meados de outubro de 2006, China e Rússia haviam se posicionado contrários a uma intervenção militar, obrigando os EUA a retirar sua proposta em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.  O acordo entre as duas coréias foi intermediado pelos EUA, o maior interessado em controlar a crise geral do capitalismo.

Após a Coréia do Norte ter realizado seu teste nuclear, a ONU aprovou uma série de sanções contra o País, não pela garantia da fictícia “paz mundial”, mas pela estabilização política na região.

O impasse nuclear de 2003

Na década de 1980, com o mundo pedindo o fim da ameaça nuclear, as grandes potências bélicas do mundo assinaram um Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que previa a não produção de armas deste tipo ou o lento desarmamento dos países envolvidos. Mas, em 3 de outubro de 2002, o secretário-assistente de Estado dos EUA, visitou a Coréia do Norte e divulgou suspeita de que o país mantinha ativo seu projeto de armas nucleares. 

Em novembro do mesmo ano, o presidente George W. Bush suspendeu o envio de petróleo à Coréia do Norte para pressionar a Coréia do Norte a cumprir o prometido. Culpando os EUA pela crise, a Coréia do Norte afirmou que a suspensão do envio de petróleo está esgotando a reserva de energia elétrica e reativou suas instalações de energia nuclear, assustando a comunidade internacional. Logo em seguida, "o supremo comandante" Kim Jong-il mandou expulsar os inspetores da ONU e retirar todos os equipamentos internacionais de vigilância de seu território. O governo da Coréia do Norte ainda acusou Washington de estar “declarando uma guerra”.

O presidente George W. Bush, por sua vez, incluiu a Coréia do Norte em seu “eixo do mal”, juntamente com países como Iraque e Irã, provocando a revolta em Kim Jong-il. Para “surpresa” de todos, os EUA vêm utilizando uma política de cautela: Washington anunciou a disposição de dialogar, mas avisou que cederá em suas exigências. As conseqüências para a geopolítica da região, caso os EUA bombardeassem a Coréia, poderia ser trágica, pois dois importantes aliados norte-americanos (Coréia do Sul e Japão) estão na área de alcance dos mísseis norte-coreanos. 


Teste de míssil norte-coreano em fevereiro de 2003 
e protestos na Coréia do Sul chamando Kim de terrorista e inimigo.

De qualquer forma, o órgão de imprensa oficial do partido comunista coreano, afirmou recentemente que a retirada da Coréia do Norte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear só representou uma medida de ‘autodefesa’: “Os Estados Unidos afirmam que a República Democrática Popular da Coréia do Norte (RDPC) realiza uma política suicida para justificar sua ameaça de escalada militar e suas pressões”, mas isso, por sua vez, apenas traduziria uma ignorância política da realidade. Quanto mais os Estados Unidos ampliarem suas ameaças de escalada militar e sua pressão sobre a RDPC, mais esta endurecerá suas contramedidas como resposta.

Atualmente

Mesmo com o fim da Guerra da Coréia, 
a tensão entre essas duas nações não chegou a um ponto final. 

Os norte-coreanos aproveitaram das discordâncias entre União Soviética e China para estabelecer um projeto de maior autonomia política. Com a queda do socialismo a Coréia do Norte enfrentou graves dificuldades econômicas, mas aproveitando do apoio conseguido durante o auge do bloco socialista, já tinha buscado melhorar seus índices de saúde e educação. Além disso, aproveitou deste período para empreender um forte projeto de tecnologia bélica e nuclear. Esta atitude preocupa as nações capitalistas e órgãos internacionais, que insistem em obter maiores informações sobre os objetivos da ação norte-coreana. Indiferentes às pressões, as autoridades norte-coreanas reivindicam soberania nacional para negar as informações pedidas, principalmente, dos EUA. 




Pyongyang, capital da Coreia do Norte

A região sul hoje integra uma das mais sólidas e prósperas economias capitalistas do mundo. A ajuda financeira oferecida pelos Estados Unidos conseguiu superar os problemas vividos com a instabilidade das instituições políticas e os escândalos de corrupção. O sucesso da economia sul-coreana atingiu seu auge quando, no ano de 2002, o país sediou alguns jogos da Copa do Mundo de Futebol. Nos últimos anos, as duas Coreias deram início aos diálogos de uma possível cooperação política e econômica.




Capital da Coreia do Sul - Seul (antes e depois)

A situação atual entre os dois países é muito diferente da que existia há 60 anos. Em 30 de junho de 1950, o general Douglas MacArthur constatou que as tropas sul-coreanas "não estavam preparadas para uma defesa" do país. Hoje, um novo ataque da Coreia do Norte à vizinha, seria uma missão suicida, pois as Forças Armadas da Coréia do Sul estão melhor preparadas e são tecnicamente superiores ao Exército Popular de Kim Jong-il. Não há dúvidas, no entanto, sobre o perigo representado pelo potencial nuclear de Pyongyang e seus mísseis, capazes de golpear qualquer ponto na vizinha do sul. Além disso, milhares de peças da artilharia estão apontadas para Seul, que fica a apenas 50 km da fronteira.

O fim

De 1950 a 1953, foram cerca de três milhões e meio de mortos, entre eles 142 mil soldados norte-americanos e outros milhares de presos amontoados em campos de concentração. As crianças foram parte das vítimas do conflito.

Menina sul-coreana carrega irmão nas costas durante fuga da frente de batalha.

Deu-se também a fuga de muitos milhares de cidadãos coreanos, que se tornaram refugiados noutros países. A Coreia do Norte ficou completamente destruída pelas bombas norte-americanas e a Coreia do Sul ficou com o seu aparelho produtivo gravemente danificado. A morte de Stalin provocou um relativo relaxamento da tensão e a trégua foi assinada na aldeia fronteiriça de Panmunjom em 27 de julho de 1953, com o reconhecimento das fronteiras entre as duas Coréias, seguido do repatriamento dos prisioneiros. 


Sul Coreanos, exibindo orgulhosamente a cabeça de um guerrilheiro Norte Coreano.

Paralelo 38, que divide o país em Coréia do Norte e Coréia do Sul e que também compreende ao seu redor a "DMZ", ou "Zona Desmilitarizada", é uma faixa de terra ao redor do Paralelo 38 que serve como uma zona neutra entre as duas Coréias. Tem apenas 4km de largura e é a fronteira mais fortemente armada do mundo. A DMZ foi criada em 1953, com o cessar-fogo na Guerra da Coréia e o armistício (acordo assinado para a trégua), sendo que cada lado recuaria suas tropas 2km do front. Porém, como depois do armistício ainda não houve um acordo de paz, as duas Coréias ainda estão tecnicamente em guerra. Isso significa que ainda há várias tropas de cada lado da linha, em constante estado de alerta. Atualmente, a DMZ é aberta para excursões supervisionadas. 

A Guerra

Depois da invasão surpresa, a capital das potências capitalistas, convocou uma reunião nas instalações da Organização das Nações Unidas para discutir essa questão. O bloco capitalista, aproveitando a ausência soviética, não reconheceu a legitimidade deste conflito, conseguindo aprovação para que enviassem tropas contra o ataque dos socialistas. Em setembro de 1950 os Estados Unidos, maiores interessados em dar fim ao conflito, enviaram forças militares contra a Coreia do Norte. 

O propósito inicial era expulsar os norte-coreanos e depois conquistar o restante da Coréia passando pelas fronteiras do território chinês. Inconformados com as intenções norte-americanas, os chineses resolveram participar do conflito quando, em novembro de 1950, enviou tropas de apoio aos norte-coreanos. O governo do sul enviou tropas comandadas pelo general Douglas McArthur para que a Coréia do sul retirasse os invasores do seu território. Em setembro o governo do sul começou a atacar o exército norte-coreano a fim de conquistar a costa oeste ocupada por eles. Em outubro, as forças internacionais violaram o paralelo 38 e atacaram a Coréia do norte. Os norte-coreanos foram vencidos e três meses após o conflito,  a capital da Coréia do Sul, foi desocupada. 



A capital norte-coreana foi invadida pelo exército sul-coreano e pelas tropas americanas, aproximando-se da China. As ambições dos norte-coreanos foram bem vistas pelo líder comunista chinês Mão-Tsé tung, que cedeu tropas em sinal de apoio, temendo uma invasão também. Esse incremento militar obrigou as tropas da ONU a recuarem para os limites do paralelo 38º. Sentindo-se visivelmente ameaçados pelo poder militar socialista, o general MacArthur – líder dos exércitos norte-americanos – chegou a requerer o uso de armamento nuclear para dar uma “rápida solução” ao conflito, insistindo em uma invasão à China, por isso foi substituído pelo general Ridway em abril de 1951. 


A possibilidade de um novo holocaustro foi logo descartada pelas autoridades norte-americanas, que preferiram partir para as negociações diplomáticas. A entrada dos chineses na guerra fez com que os esforços militares norte-americanos fossem intensificados. Ao longo de mais dois anos, o conflito chegou a um equilíbrio de forças que colocava em risco o interesse de ambos os lados. Dessa forma, os Estados Unidos resolveram negociar diplomaticamente para dar fim à Guerra da Coréia. Em 1953, a assinatura do Armistício de Pan-munjom encerrou os conflitos e restaurou a linha divisória no Paralelo 38º.

Foi então que o conflito terminou, mas o tratado de paz até hoje não foi assinado e a Coréia continua dividida em norte e sul.


(
Evolução da Guerra da Coreia 1950-1953: Verde: Nações Unidas + Coreia do Sul; 
Vermelho: Coreia do Norte + China)

O início

O mundo depois da Segunda Guerra foi politicamente marcado pelo conflito entre Estados Unidos e União Soviética. As duas principais potências vitoriosas do conflito mundial dividiram entre si áreas de influência econômica, política e ideológica, inaugurando um período conhecido como “Guerra Fria”. Assim conseguimos compreender o conflito que dividiu a Coréia em dois diferentes Estados Nacionais.  

Guerra da Coréia surgiu da disputa entre os Estados Unidos e a ex-URSS, antigos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra e a rendição do Japão, em 1945, durante o processo de ocupação das áreas colonizadas pelo Japão,  fez com que as tropas soviéticas ocupassem o norte da península coreana e forças norte-americanas se estabelecessem no sul. Com uma divisa na altura dos 38 graus de latitude Norte, firmado como marco divisor em um acordo, na Conferência de Potsdam. A idéia dos aliados era criar um governo único de caráter liberal para uma Coréia independente. Em 1947, na tentativa de unificar a Coréia, a Organização das Nações Unidas – ONU – criou um grupo não autorizado pela URSS, com a intenção de ordenar a nação através da realização de eleições em todo o país. Esta iniciativa não teve sucesso e, no dia 09 de setembro de 1948, Kim Il-sung, veterano líder de uma guerrilha comunista que combateu os japoneses, anunciou a independência, com as tropas soviéticas deixando o norte, formando a República Democrática Popular da Coréia.

Em agosto do ano seguinte, é formada no sul a República da Coréia, sob a liderança de nacionalistas de extrema direita. A partir de então, a região é dividida em dois países diferentes – o norte socialista, apoiado pelos soviéticos; e o sul, reconhecido e patrocinado pelos EUA. O governo norte-americano e soviético continuam a reivindicar o controle total do território coreano. A região fronteira entre as duas Coréias torna-se um ponto de alta tensão. Começa a luta doutrinária, com propagandas ideológicas indo de um ponto a outro dos dois países. Até que, no dia 25 de junho de 1950, alegando uma suposta invasão do Paralelo 38º, o exército da Coréia do Norte invade o Sul, dominando sua capital, Seul, em 03 de julho.                  
O Conselho de Segurança da ONU recomenda aos países-membros que ajudem o sul e é formada uma força de 15 países, sob comando do general norte-americano Douglas MacArthur, para expulsar os socialistas, que pretendiam unificar o país sob a bandeira do Comunismo. A URSS não interveio diretamente, apenas com auxílio militar. Mas, neste momento, inicia-se o confronto entre as duas potências por um espaço de amplas vantagens comerciais e territoriais, mesmo com o risco de iniciar uma Terceira Guerra Mundial.